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Publicado em 05/02/2019

A era do crédito digital (Dinheiro Rural)

A digitalização na agricultura não veio só para aperfeiçoar as tarefas de plantio e colheita. Aos poucos, as operações de crédito rural privado embarcam no mesmo movimento.

As transações envolvem o capital de empresas de insumos agropecuários, como as revendas agrícolas e fabricantes de defensivos e fertilizantes, além de tradings e cooperativas agrícolas. “A tecnologia permite dar mais segurança e transparência às operações”, diz o advogado Gianpaolo Zambiazi, CEO da startup Gestão Integrada de Recebíveis do Agronegócio (Gira), de Uberlândia (MG). “Isso dá mais confiança a empresa e, consequentemente, maior será o crédito ao produtor.” Zambiazi criou um sistema que intermedia essas operações, mas não está sozinho nesse páreo. Ele vem competir no segmento com a paulistana Agrotools e a agtech Agronow, de São José dos Campos (SP). “O mercado é acirrado, mas é possível crescer nele.”

A Gira começou na safra 2017/2018, ajudando a movimentar R$ 85 milhões. A previsão é de R$ 1 bilhão no ciclo 2018/2019. É pouco perto dos cerca de R$ 100 bilhões estimados por operações de crédito privado, como o barter (troca de insumos pela produção agropecuária) e a emissão de títulos como a Cédula do Produtor Rural (CPR) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). É um mercado menos burocrático que o crédito governamental, mas ainda é visto como caro. Mesmo sem informações precisas sobre esse encarecimento, a falta de transparência dos dados do produtor acaba elevando a conta. Os sistemas digitais vêm para mudar esse cenário.

A Gira, por exemplo, incorporou o conceito da CPR, no qual o produtor negocia sua produção em troca de crédito. “São operações garantidas pelo valor das terras do produtor”, diz Zambiazi. “Nosso sistema subverte essa lógica. A garantia passa a ser a própria produção.” O sistema cria uma base da dados digital acessível por um aplicativo para celular e tablets. Nele, são inseridos documentos do produtor, além de dados agronômicos como o tamanho da área avaliada, a data de semeadura, a variedade plantada e o acompanhamento da lavoura. A captação dessas informações envolve uma rede de 25 advogados e 1,1 mil agrônomos no País. Os profissionais se conectam ao sistema da mesma forma como motoristas de aplicativos de transporte privado. Os profissionais mais próximos à área vistoriada certificam os dados.

Outra que está também está na validação da digitalização do crédito rural é a Agronow. Criada em 2015, a empresa leva o seu banco de dados de previsão e monitoramento de safras a serviço de instituições financeiras para operações de crédito e seguro rural. Dos dois milhões de hectares acompanhados no País, 80 mil hectares mensais são observados por instituições financeiras, segundo o administrador Rafael Coelho, CEO da Agronow. “Estamos prestes a incrementar ainda mais este número até o final do ano”, diz Coelho. Além de servir à carioca BTG Pactual e ao paulista Indusval & Partners, a startup elevará a cobertura de área de crédito para mais 400 mil hectares mensais. “Não podemos revelar a instituição financeira, mas o projeto prevê o atendimento de áreas de cana-de-açúcar em São Paulo.” Sob os cuidados do fundo brasileiro SP Ventures e do americano SVG Partners, a Agronow espera faturar R$ 2 milhões este ano. “Ainda não consegimos medir o quanto a digitalização barateou o custo do crédio ao produtor, mas, em dois anos, isso estará bem claro.”

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