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Publicado em 27/10/2015

Volume em certificados de recebíveis do agronegócio dobra ao longo do ano (DCI)

O estoque de certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) praticamente dobrou ao longo de 2015, saindo do montante de R$ 2,65 bilhões no final de abril para R$ 5,25 bilhões ontem, enquanto o mercado de capitais sofre seu pior momento desde 2009.

A dificuldade de acesso ao crédito no sistema financeiro (bancos) está incentivando o setor do agronegócio a buscar financiamento alternativo no mercado de capitais por meio da emissão de certificados de recebíveis (CRAs).

\"Esse estoque ainda é pequeno diante do potencial, mas estamos vendo mais operações de CRAs, e também de FIDCs [direitos creditórios] e de debêntures incentivadas\", apontou o sócio da área de mercado de capitais do escritório Tozzini Freire, Alexei Bonamin.

Quanto ao potencial, Bonamin lembrou que uma emenda da medida provisória número 695 (MP 695) poderá permitir a emissão de CRAs indexados a moeda estrangeira. \"Parece que essa emenda já foi bastante discutida nos ministérios e no Banco Central e está em linha com que o agronegócio esperava e abre a perspectiva de investidores não residentes [estrangeiros] venham a aplicar em CRAs no Brasil\".

\"O agronegócio é muito forte em exportações e já está diretamente relacionado com negócios em moeda estrangeira. Esse novo CRA atrairia não só estrangeiros, mas também investidores locais que pretendem correr apenas o risco das commodities, sem o risco da variação cambial\", complementou o sócio.

Se por um lado o segmento de CRAs está em evolução, Bonamin identifica que o mercado de capitais como um todo passa por um período de poucas captações. \"Não estimo melhora significativa para o primeiro trimestre de 2016, mas nada será muito pior do que já está. Só vejo novas captações a partir do segundo semestre do próximo ano.\"

Sobre essas expectativas, ele contou que o escritório fez uma pesquisa - ainda não divulgada oficialmente - que consultou mais de 100 empresas e apenas 20% pretendem captar via mercado de capitais. \"É sinal de mau humor\", disse.

De fato, os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) constatam que o volume de recursos captados por meio da emissão de títulos corporativos tanto no mercado doméstico como no mercado internacional estão no pior momento desde 2009.

\"No acumulado do ano, o total do funding levantado pelas companhias via mercado de capitais está bem aquém dos montantes observados nos anos anteriores\", relatou Vivian Corradin, da gerência de estudos econômicos da associação de entidades do mercado.

Panorama da Anbima

Em seu panorama, Vivian lembrou que não houve captações externas no terceiro trimestre de 2015. \"Um comportamento atípico para o período, assim como não houve operações no segmento doméstico de renda variável [captações via ações].\"

Ela relatou que no mercado local, as captações de janeiro a setembro alcançaram R$ 71,4 bilhões, superando apenas as realizadas no mesmo período de 2009 (R$ 59,1 bilhões). \"Já no mercado internacional, o montante captado até setembro foi de apenas US$ 8,1 bilhões\", constatou Corradin.

Entre os dados disponíveis ontem referentes a outubro, as últimas operações foram registradas no segmento de debêntures, títulos de dívida corporativa de mais longo prazo. A EDP Energias captou por meio de oferta pública (Instrução 400 da Comissão de Valores Mobiliários) R$ 892,21 milhões em três séries informadas em no dia 6 de outubro último.

Nas ofertas restritas a poucos investidores (ICVM 476), a Invepar informou a captação de R$ 84 milhões no dia 23 de outubro e a João Fortes Engenharia relatou a emissão de R$ 50 milhões em 22 de outubro, e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) informou uma oferta restrita de R$ 100 milhões no dia 21 de outubro.

Antes, a Braimfarma Indústria Química e Farmacêutica havia registrada emissão no montante de R$ 350 milhões nos moldes da ICVM 476, com data do último dia 14.

Ernani Fagundes

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