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Publicado em 25/04/2017

Pessoa física quita dívidas e empresas de cobrança terão crescimento real (DCI)

Descontado o efeito da inflação, a recuperação de crédito em 2017 deve ter um crescimento entre 4% a 5%. O aumento é possível graças ao pagamento das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) aos trabalhadores, que pretendem pagar suas dívidas.

A expectativa é da Boa Vista SCPC, que leva em conta a evolução da inflação no período, diferente de pesquisa feita pela E-Consulting e divulgada pela Total IP, que estima um crescimento (em volume) da recuperação de crédito em 9% com essa “renda extra” do FGTS que será utilizada por parte da população – o que deve aumentar o faturamento do setor de cobranças para R$ 3,96 bilhões, em comparação aos R$ 3,63 bilhões ganhos em 2016.

A viabilidade de quitação dessas dívidas por meio do FGTS inativo já tem surtido efeito. Conforme dados divulgados pela mesma Boa Vista SCPC, a recuperação de crédito teve alta de 1,7% no primeiro trimestre de 2017, e de 1,4% no valor acumulado dos últimos 12 meses.

“É necessário trazer de volta para o mercado de crédito os inadimplentes, isso melhora todo o ciclo [do crédito] e o torna positivo. Por isso a injeção do FGTS na economia é importante. Pode trazer um aumento na geração de empregos, influir na volta de consumo das pessoas. Com a melhora do volume, poderemos trabalhar em várias fases da inadimplência”, avalia o presidente da Total IP, Carlos Henrique Mencaci.

Apesar de ser considerado um fator que terá influência direta mais no primeiro semestre do que no segundo nos pagamentos de dívidas sobre o crédito emprestado, a expectativa é que a queda da inadimplência crie uma sequência de ações positivas para a economia. “Não é algo que garanta essa questão em longo prazo, mas deve gerar ações que vão contribuindo para várias outras coisas, como investimentos, e estimular outros setores. Pode até ter um efeito em nota de crédito”, continua Mencaci.

No entanto, é importante que não se avalie a nova renda vinda do fundo de garantia como decisiva para o restabelecimento de todo o setor de crédito. “É complicado calcular o quanto o FGTS deve, concretamente, influenciar no aumento dos pagamentos de dívidas, mas em recuperação de crédito, levando-se em conta os números inflacionários, creio que teremos um aumento de 4% ou 5%. Acredito que medidas como a redução dos juros e a possível melhora no mercado de trabalho terão um efeito muito mais forte nesses pagamentos. Depois de junho, os saques das contas inativas terão impacto mais marginal”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.

Aliada às mudanças nas regras do cartão de crédito rotativo, a recuperação de crédito, portanto, deve estabilizar a inadimplência, mas não decretar sua queda em longo prazo. “Vejo que esse saque do FGTS deve contribuir entre 10% e 15% no pagamento das dívidas, e possivelmente garantir um não-aumento da inadimplência, o que é diferente de novos pagamentos. É um efeito até similar com o do 13º salário, que tem um impacto relevante em determinado espaço de tempo, e depois se dissolve”, explica Flávio Calife.

Prioridade nos juros

Por mais que o dinheiro do saque das contas inativas do FGTS possam trazer certa tranquilidade para aqueles que querem renegociar ou liquidar suas dívidas, o grande responsável pela supressão desses valores será, de acordo com especialistas, os esforço em torno da queda dos juros.

“Por mais que não seja algo desprezível, ainda mais para pessoas que estejam com seu orçamento familiar equilibrado e que queiram encerrar suas dívidas, a principal medida é ainda diminuir a taxa de juros. Sem isso, a carteira de crédito não deve ter mudanças expressivas em 2017”, analisa Silvio Paixão, professor de economia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

Segundo Carlos Henrique Mencaci, entretanto, a própria melhora, mesmo que frágil, do ciclo de crédito, já pode condicionar uma pequena baixa nos juros. “O avanço tecnológico no setor de cobranças e a presença de agentes virtuais devem reduzir os custos das instituições”, pondera Mencaci.

Mesmo com o estímulo financeiro, a demanda de crédito não deve aumentar. “As pessoas não têm renda para se endividar mais. O FGTS não será o estímulo para uma retomada”, finaliza Silvio Paixão.

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