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Publicado em 29/11/2016

Oferta de crédito tende a crescer em 2017, mas demanda continuará fraca (DCI)

A Circular 3.809, que valerá no próximo ano, deve favorecer o apetite dos bancos para empréstimo. Mais transparência e intenção de financiamento das empresas ainda serão desafio.

São Paulo – Os bancos mitigarão riscos e favorecerão a oferta de crédito em 2017. A tendência é de desenvolver produtos de baixo risco para servirem como garantia a essas operações. Os primeiros meses, no entanto, ainda serão “de estudo” e demanda deve ser o desafio.

A atuação vem documentada pela Circular 3.809, divulgada em agosto pelo Banco Central (BC) e que, a partir de janeiro de 2017, coloca como obrigatórias as novas medidas de gestão de risco de crédito para os bancos.

A regulação amplia as opções de mitigadores de risco já aceitos pelo BC, como os títulos e ações, acordos de compensação e liquidação de obrigações, avais, fianças e derivativos de crédito.

“Desde que atendidas determinadas condições, também serão admitidos […] letras de crédito imobiliárias e de agronegócio, além de títulos e valores mobiliários de emissão de empresas, cotas de fundo de investimento e títulos de securitização”, ressalta a circular do BC.

Segundo Carlos Fagundes, sócio-fundador da Integral Investimentos, a sinalização é de amenizar a atual visão conservadora do País e favorecer a oferta de crédito.

“É um refinamento de regras. Quantificar o risco das carteiras de uma forma menos conservadora e mais precisa, alivia o capital das operações, reforça as garantias e dá fôlego para o crescimento por meio da oferta mais adequada de crédito”, identifica o executivo da Integral.

“Os bancos já começaram a aumentar as alternativas de garantia, e o crédito em geral será afetado. Tanto em relação às empresas, como ao próprio consumidor, haverá um volume maior a ser oferecido”, acrescenta Eduardo Tambellini, sócio da GoOn.

Ele ressalta, no entanto, que apesar da maior oferta, um dos desafios do sistema financeiro pode ser lidar com “uma demanda que não foi acesa” diante da recessão econômica e da restrição bancária.

De acordo com dados da Serasa Experian, apesar do crescimento de 6,1% na demanda de crédito por parte do consumidor em outubro frente setembro deste ano, a busca empresarial por empréstimos caiu 9,9% na mesma comparação.

“Tudo isso, porém, vai depender do apetite e de quanto os bancos ainda serão restritivos. E como ainda não saímos completamente da crise, é difícil esperar mudanças bruscas no curto prazo”, completa Tambellini, sócio da GoOn.

Para Fagundes, no entanto, essa busca por riscos menores por parte das instituições financeiras também trará benefícios para os tomadores.

“Na medida em que se consiga fazer a conta padronizada de risco, a tendência é de os bancos desenvolverem novos produtos financeiros de baixo risco como forma de conseguir crescer, principalmente com um comprometimento menor e mais garantido de ambas as partes”, ressalta o executivo.

Transparência

Tanto em relação à criação de novos produtos financeiros de baixo risco, como em relação à ampliação para as ferramentas já existentes, porém, os especialistas ouvidos pelo DCI destacam a necessidade do sistema financeiro doméstico em “manter a transparência”.

De acordo com Marcos Assi, professor de governança, risco e compliance da Saint Paul Escola de Negócios, apesar de o ambiente de recessão ter despertado o interesse dos bancos para novos produtos como garantia, um dos desafios para as instituições pode ser o maior controle de apuração.

“Os bancos terão que evidenciar e demonstrar exatamente como avaliaram o risco. Principalmente porque os desdobramentos da Lava Jato mostraram o quanto esse gerenciamento era sensível à perda de dinheiro”, avalia.

O professor ressalta, ainda, que a análise deverá ser embasada fundamentalmente nos riscos: operacional, legal, de liquidez e de mercado.

“Os papéis terão de vir registrados e vinculados a operações, com avaliação sobre possibilidade de degradação ao longo do tempo e com a descrição de como chegaram à conclusão”, comenta Assi.

Apesar da maior exigência do BC, da ampliação de ferramentas como garantia e do favorecimento ao crédito, os especialistas avaliam que os bancos ainda devem passar por um “momento de estudo”.

“São poucos os bancos que dominam o mercado e eles esperarão pelo desdobramento político e econômico. Os dois primeiros trimestres serão de observação e ainda não colheremos os frutos disso em 2017. A tendência é estudar pra ver o que acontece porque, no fundo, ninguém quer correr risco nenhum”, conclui Tambellini.

Isabela Bolzani

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