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Publicado em 27/06/2019

Crédito dá novos sinais de reação à política monetária (Valor Econômico)

Depois de uma breve pausa em abril, o mercado de crédito voltou a mostrar sinais de recuperação em maio, com crescimento do estoque nas operações bancárias e do mercado de capitais e estabilidade ou redução das taxas de juros. As concessões dessazonalizadas também voltaram a aumentar de forma mais robusta, num sinal preliminar de que os estímulos monetários patrocinados pelo Banco Central (BC) seguem se transmitindo para a economia.

"É um retorno à trajetória de crescimento, depois da interrupção pontual de abril, por fatores sazonais", disse Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central (BC).

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,6% entre abril e maio, para R$ 3,287 trilhões. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o estoque de operações subiu para 47,2%, frente a 47% em abril e 46,8% em maio do ano passado. No mês anterior, o saldo havia ficado estável.

Segundo Rocha, a recuperação fica "mais clara" no acumulado de 12 meses, com expansão de 5,5%, aceleração na comparação com os 5% acumulados até dezembro. Mas o ritmo ainda está abaixo dos 7,2% projetados pelo BC para 2019. As concessões de crédito, por sua vez, cresceram 8,2% na comparação com abril, atingindo R$ 355 bilhões, alta de 2,2% no cálculo dessazonalizado. O crédito livre, mais sensível aos estímulos monetários, avançou 1,5% em maio após uma queda de 0,2% em abril.

A lenta recuperação econômica tem levado diversos economistas a pedir a retomada dos cortes na taxa básica de juros, hoje em 6,5% ao ano, interrompida no começo de 2018. Muitos deles argumentam que, nesses níveis, os juros não estão baixos o suficiente para estimular a economia. O BC, porém, vem sustentando que os juros nos níveis atuais estimulam a economia, se transmitindo por canais como o crédito. Segundo esse argumento, a perda de tração da atividade está ligada a choques que atingiram a economia em 2018, como a greve dos caminhoneiros, e incertezas eleitorais e sobre o andamento das reformas.

Ainda assim, na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na terça, o BC indicou que pode cortar a Selic no segundo semestre, desde que haja avanços na agenda de ajuste fiscal. O BC pontuou, também, que as condições financeiras ficaram mais favoráveis recentemente - o que inclui os juros futuros, além de preços de outros ativos.

No médio e longo prazos, segundo Rocha, o fato de a curva de juros futuros estar menos inclinada é outra boa notícia, já que isso "pode se traduzir em estimulo à oferta e à demanda de crédito".

"O crédito tem uma série de determinantes e um deles é o custo. O custo mais barato pode fazer com que novas empresas e pessoas físicas busquem empréstimos", disse. "Não é o único determinante, mas parece ser uma notícia positiva."

A desaceleração nas concessões dessazonalizadas ocorrida desde o fim de 2018 foi apontada por alguns analistas como um indício de que, ao contrário do afirmado pelo BC, o estímulo monetário não seria suficiente. Os dados de maio são um sinal de recuperação do crédito, embora um dado isolado não seja suficiente para afirmar que há uma nova tendência.

Mais sensíveis à política monetária, os créditos livre (em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e clientes) e para pessoas físicas tiveram trajetórias semelhantes. No primeiro caso, houve expansão do estoque de 1,4% em maio e 11,9% no acumulado de 12 meses. Isso também representa aceleração em relação aos 10,7% registrados em dezembro. No caso das pessoas físicas, as altas foram de 0,9% na comparação com abril e de 9,9% no acumulado. Em dezembro, o crescimento era de 8,2%.

As concessões dessazonalizadas para a aquisição de veículos, que também reagem com maior intensidade aos juros menores, cresceram 1,16% no mês e 18% em 12 meses. O crédito livre não rotativo às famílias - exclui linhas como cheque especial e cartão de crédito - apresentou uma taxa de expansão de 2,13% em maio e de 29,7% em 12 meses.

Rocha também chamou a atenção para o fato de as taxas de juros terem recuado em relação a abril, ou pelos menos ficado estáveis. O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo de toda a carteira do Sistema Financeiro Nacional (SNF), alcançou 21,2% em maio. Isso representa queda de 0,1 ponto percentual na comparação com o mês anterior e alta de 0,1 ponto em relação ao mesmo período do ano passado.

"A peça que está faltando é o crédito direcionado", disse o chefe de departamento do BC, destacando as contrações de 0,5% na comparação com abril e de 1,4% em 12 meses nessa categoria.

Principal fonte desse tipo de crédito, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve queda mensal de 1% em sua carteira para empresas. No ano, a retração é de 4,6% e atinge 8% em 12 meses. Para Rocha, está havendo "migração de parte desse crédito [direcionado] para o mercado de capitais".

Uma medida de crédito ampliada ao setor privado, que também inclui operações no mercado de capitais doméstico e captações no exterior, teve uma expansão de 1,4% em maio, para R$ 5,422 trilhões. As captações no mercado de capital doméstico, que são influenciadas pelo nível dos juros básicos, tiveram expansão de 8,4%.

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