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Publicado em 01/06/2017

Copom reduz taxa Selic a 10,25% (Valor Econômico)

A crise política levou o Banco Central (BC) a rever o ritmo de redução da taxa básica de juros, a Selic. Depois de um corte de um ponto percentual na quarta-feira, que levou a taxa a 10,25% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que uma “redução moderada” no ritmo de flexibilização “deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”, que acontece nos dias 25 e 26 de julho.

O colegiado, presidido por Ilan Goldfajn, aponta como principal fator de risco no seu horizonte o aumento de incerteza sobre a velocidade do processo de implementação de reformas e ajustes na economia. A piora do cenário político, decorrente das delações dos controladores da JBS, também poderá ter implicações sobre o tamanho do ciclo de redução pretendido.

Até então, o Copom vinha trabalhando com a possibilidade de acelerar o ritmo de corte na reunião de ontem, com uma redução de 1,25 ponto percentual, antecipando o ciclo de distensão monetária, em virtude do bom comportamento da inflação e das expectativas e do fraco ritmo da atividade econômica.

De acordo com o Copom, o ritmo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação. No comunicado, o BC não abriu todos os componentes do balanço de risco como fez em outras reuniões, que até então citavam a atividade econômica e o cenário internacional, e centrou a atenção sobre como as incertezas políticas poderão afetar a tramitação das reformas.

Já a extensão do ciclo, ou até que percentual a Selic pode cair nos próximos meses, continuará relacionada às estimativas da taxa estrutural, que é aquela que garante o máximo crescimento com inflação na meta. O comunicado alerta que “o aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”.

Até então, o BC deixava claro que o processo de aprovação das reformas acontecia de forma positiva, reduzindo o patamar dessa taxa estrutural – também chamada de “taxa neutra”. Ilan chegou a pedir aos agentes de mercado que refizessem suas estimativas para essa taxa.

O BC também diz que, nesse ambiente com maiores riscos, as suas projeções de inflação envolvem maior grau de incerteza. Numa delas, que considera a queda da taxa Selic a 8,5% neste ano, conforme previsto pelos analistas econômicos do mercado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fecharia 2017 em 4% e subiria a 4,6% em 2018, nesse caso pouco acima da meta, de 4,5%. As projeções de inflação feitas pelo Copom na sua reunião de abril mostravam um IPCA de 4,1% neste ano e ao redor de 4,5% no ano que vem.

A avaliação do Copom é a de que o comportamento da inflação permanece favorável, com a queda de preços difundidas entre componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, como o preço dos serviços. Mas diz que “é necessário acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória prospectiva da inflação”.

Em seus pronunciamentos recentes, Ilan apontou que o BC daria tratamento simétrico aos choques favoráveis e desfavoráveis de preços e que poderá utilizar a flexibilidade do regime de metas para acomodar as variações atípicas nos preços dos alimentos e também do dólar. O preço da moeda americana foi um forte termômetro da crise política e representa um importante canal de transmissão de choques para a inflação, incluindo as incertezas políticas.

Ilan também deixou claro que em um ambiente com inflação e expectativas ancoradas na meta ou ao redor dela, o BC não reage aos chamados efeitos de primeira ordem, ou seja, à alta do preço em si, mas sim quando há difusão dessa alta para outros segmentos da economia.

A piora do cenário político também levou o BC a fazer uma ponderação na sua avaliação sobre a atividade. Por ora, o BC mantém a visão de estabilização da economia no curto prazo e de recuperação gradual ao longo do ano. Mas diz que “a manutenção, por tempo prolongado, de níveis de incerteza elevados sobre a evolução do processo de reformas e ajustes na economia pode ter impacto negativo sobre a atividade econômica”.

Por ora, o mercado reduziu apenas marginalmente a projeção de crescimento do PIB em 2017, de 0,5% para 0,49%. O governo mantém a previsão de alta de 0,5%.

Na parte dedicada ao cenário externo, o BC diz que o quadro tem se mostrado favorável até o momento, já que a atividade econômica global mais forte tem mitigado os efeitos de possíveis mudanças de política econômica nos países centrais. O BC vinha mostrando preocupação com as políticas econômicas nos Estados Unidos e na China.

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