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Publicado em 15/05/2018

Copom deve endurecer tom para sinalizar fim de cortes (Valor Econômico)

O mercado financeiro aguarda a decisão de política monetária do Banco Central nesta quarta-feira para selar as apostas sobre o fim dos cortes de juros no Brasil. Especialistas acreditam que o Copom adotará um discurso mais duro sobre a deterioração do ambiente externo, que tem motivado a escalada do dólar para a casa dos R$ 3,60.

Sinal de uma postura mais defensiva, até a aposta de uma queda final da taxa nesta quarta-feira – de 6,50% para 6,25% – já não encontra tanta convicção no mercado, embora ainda seja a expectativa majoritária. Ao mesmo tempo, cresce a preocupação entre os investidores de que o Copom pode ter de antecipar uma alta de juros, esperada anteriormente só para meados de 2019.

Ontem, os contratos de juros negociados na B3 voltaram a subir em praticamente todos os vencimentos, o que reflete que a percepção de risco no Brasil tem piorado. O DI janeiro de 2020 – que embute apostas para a Selic até o fim do ano que vem – subiu 11 pontos-base para 7,40%. E num prazo mais longo, o DI janeiro de 2025 voltou a rodar com dois dígitos, a 10,05%.

Em meio a preocupações, o Copom deve ser mais explícito sobre o fim do ciclo de corte de juros. Em suas últimas comunicações, o colegiado já havia indicado que a interrupção do processo seria “adequada” para as reuniões posteriores a maio, “salvo mudanças adicionais relevantes no cenário básico e no balanço de riscos para a inflação”. Desta vez, o colegiado deve alterar o texto para deixar poucas dúvidas sobre os próximos passos, mesmo que o Copom mantenha algum grau de liberdade e continue a se direcionar pelos indicadores econômicos.

Uma evidência da mudança de tom, para algo mais cauteloso, deve vir com a descrição do externo. Até a ata da última reunião, o Copom colocava o cenário internacional como “favorável”, na medida em que a atividade econômica crescia globalmente. E esse quadro contribuía para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes. No entanto, esse trecho deve ser completamente atualizado, na avaliação de Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos. “O cenário para emergentes é mais desafiador, os riscos geopolíticos no mundo são maiores e isso tem impactado os ativos brasileiros”, afirma.

Para o sócio e gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica, o cenário benigno para emergentes – que vinha sendo indicado nas comunicações do Copom – “piorou sensivelmente”. “Em um cenário pressionado, não tem espaço adicional para cortar juros para além desse 0,25 ponto (na decisão de maio)”, diz.

O impacto da escalada do dólar no cenário de inflação também pode ganhar espaço na comunicação do Copom. Esse é um dos principais motivos, na avaliação de operadores, para o avanço dos juros futuros na B3. No entanto, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou que as decisões de juros se baseiam em inflação, expectativas e atividade, minimizando assim o efeito inicial da alta do dólar.

Até o momento, calcula-se que a projeção de inflação do Copom deve ficar estável ou pouco alterada para 2019, ano que ganha relevância para condução da política monetária. Na ata da última reunião do Copom e no relatório de inflação, o IPCA esperado para o ano que vem estava em 4,1%. O que deve mudar, de maneira moderada, é a estimativa de inflação deste ano, de 3,8% para 4% em 2018, de acordo com o Itaú.

“O Copom deve citar o fortalecimento recente do dólar, derivado da perspectiva de reversão da política monetária americana”, diz afirma Flávio Serrano, economista sênior do banco Haitong. “Ainda que reconhecendo a piora na margem do câmbio, os membros do Copom deverão enfatizar que a economia brasileira está preparada para absorver este choque.”

Por outro lado, uma comunicação relativamente menos inclinada a novos cortes de juros deve, inclusive, limitar riscos de uma nova rodada hipotética de depreciação cambial, diz o economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng. “O plano de voo – isto é, de pausa em junho – provavelmente será mais enfatizado nesta ocasião do que em reuniões anteriores”, aponta. “O BC provavelmente será mais enfático no cenário-básico desta vez, para evitar [o risco de] adicionar um pouco mais de combustível na onda de venda de moeda, especialmente porque a surpresa na atividade não deve ser relevante o suficiente para o BC optar por ainda mais estímulo.”

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