FECHAR

Imprimir
Publicado em 31/10/2019

Copom corta Selic para 5%, nova mínima histórica (Valor Econômico)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou ontem em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, de 5,5% para 5%, levando a Selic para uma nova mínima histórica. Além disso, sinalizou um corte da mesma intensidade na próxima reunião, em dezembro. O colegiado também apresentou projeções mais favoráveis para o quadro inflacionário de 2020. No entanto, ponderou que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novas reduções da Selic a partir de 2020.

“A consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude”, disse o Banco Central em comunicado divulgado após a decisão, tomada de maneira unânime.

O resultado anunciado ontem veio em linha com o esperado pelo mercado. Foi também o terceiro corte consecutivo, todos de 0,5 ponto percentual. A taxa básica vem testando mínimas históricas desde o fim de 2017, quando atingiu 7%. Até então, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, implantado em 1999, havia sido atingido em 2012 e 2013, quando a Selic ficou em 7,25%.

No comunicado, o Copom mostrou um cenário inflacionário mais positivo do que em seu encontro anterior, em setembro. No cenário com projeções extraídas da pesquisa Focus, a taxa básica de juros prevista para o fim deste ano caiu de 5% para 4,5%. Já o câmbio passou de R$ 3,9 para R$ 4. Mesmo com essas duas variações que, na teoria, teriam impacto altista sobre os preços, a projeção para a inflação foi mantida em 3,6% para 2020. A estimativa é menor do que a meta estabelecida de 4%.

Já em um cenário híbrido, que leva em conta a trajetória de juros da Focus e manutenção da taxa de câmbio em R$ 4,05 até o fim deste ano, a projeção para a inflação de 2020 cai de 3,8% para 3,7%. O número também é menor do que a meta. Ainda assim, o BC optou pela precaução, ao comentar as perspectivas para as reuniões depois do próximo encontro, que será realizado em dezembro. “O atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo”, disse.

O cenário básico do colegiado permanece com “fatores de risco em ambas as direções”. Além da ampla ociosidade da economia, a inércia inflacionária - o quanto os preços futuros são influenciados pela variação corrente dos preços - pode ajudar a manter a inflação controlada, na avaliação do BC. Foi a primeira menção à inércia presente nos últimos comunicados.

No entanto, o fato de a Selic estar em suas mínimas históricas e atuar de maneira defasada pode levar a uma aceleração da inflação além do previsto. “O atual grau de estímulo monetário, que atua com defasagens sobre a economia, aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão e pode elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária”, diz. Foi também a primeira menção recente a esse fator. Esse risco, na avaliação do Copom, se intensifica em dois casos: deterioração do cenário externo ou “eventual frustração” a respeito da continuidade das reformas.

Apesar de citar o risco da eventual frustração com a aprovação das reformas, o Copom retirou menção mais explícita, presente em comunicados anteriores, a respeito dos impactos desse cenário. “Avanços concretos nessa agenda são fundamentais para a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva”, disse, por exemplo, após a reunião de setembro.

O BC também começou a considerar 2021 como parte do horizonte relevante para a política monetária, embora “em grau menor” do que no ano que vem. No cenário com câmbio e juros extraídos da Focus e no cenário híbrido, as projeções para a inflação de 2021 estão em 3,5% e 3,6%, respectivamente. Ou seja: em ambos os casos, abaixo da meta de 3,75%.

Na semana passada, entre 68 instituições consultadas pelo Valor, 67 calculavam corte de 0,5 ponto percentual da Selic, para 5% ao ano. O único dissidente, o Itaú Asset Management, antecipava uma atuação mais agressiva da autoridade monetária, ao esperar corte da Selic de 0,75 ponto percentual, para 4,75%.

A despeito da queda recente dos núcleos de inflação, que em setembro ficaram todos abaixo dos valores mensais consistentes com a meta, ajustados sazonalmente, o comitê continua a classificá-los como “confortáveis”. O Copom diz que os dados reforçam sua visão de retomada gradual da economia. O colegiado volta a se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.