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Publicado em
02/04/2019
Em entrevista coletiva, realizada na última sexta-feira, em São Paulo, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, lembrou que atualmente as Loterias são concentradas em fazer jogos e receber pagamentos (boletos e contas de água, luz e telefone). “Que as Loterias façam mais que jogos e pagamentos, temos a oportunidade para microsseguros, cartões, cartão consignado, microcrédito”, apontou.
Para falar sobre o potencial, Guimarães comparou, por exemplo, que o volume em microcrédito da Caixa era de apenas R$ 80 milhões. “Só o Banco do Nordeste possui R$ 4 bilhões. É inaceitável, que a Caixa, com o porte nacional que possui, tenha 50 vezes menos em microcrédito que um banco regional”, disse.
O executivo também observou que a Caixa é o maior pagador de benefícios do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e não possui um cartão de empréstimo consignado como seus principais concorrentes. “Nós vamos ter um cartão para consignado”, comentou Guimarães.
Em sua apresentação à imprensa, o executivo citou o “gigantismo” dos números da Caixa. “Temos 100 milhões de contas, 96 milhões de cartões de débito, 26 mil pontos de atendimento”, destacou o presidente do banco público.
Ainda sobre o tamanho de toda a estrutura da Caixa, Guimarães contou que “encontrou” uma gerência de wealth management (gestão de patrimônio) com atuação em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais com mais de R$ 120 bilhões em carteiras administradas. “Temos o cliente, que é o mais difícil, e às vezes, não temos o produto”, referindo-se ao potencial.
Ele lamentou que o banco não tenha uma empresa de adquirência própria. “Na nossa estimativa, a Caixa perde R$ 1 bilhão por ano por não ter um adquirente”, informou.
O vice-presidente de finanças da Caixa, André Loloni, também surpreendeu à imprensa sobre o potencial de volume a ser movimentado com operações no mercado de capitais neste ano – R$ 100 bilhões pela área de banco de investimentos. “São cerca de 40 operações, se considerarmos as [ofertas] das subsidiárias da Caixa, fundos do governo, pode ter uma geração [movimentação] de R$ 100 bilhões”, diz.
Questionado sobre a estratégia para o crescimento da área de asset management (fundos de investimentos) nas agências, Guimarães apresentou a vice-presidente da Caixa Asset, Luciane Ribeiro (ex-Santander Asset), que chegou à instituição há apenas três semanas, e que ele apontou como a futura presidente da Caixa Asset após a abertura de capital (IPO) da gestora na bolsa de valores.
“A Caixa é a quarta maior gestora do País, sendo 80% dos recursos em renda fixa, muito parecido com o mercado, mas temos oportunidade para novos produtos [renda variável e multimercados] e em toda a rede. E até produtos mais sofisticados, como fundos imobiliários para alta renda, e também em previdência privada, em que a Caixa tem um market share [participação de mercado] inferior [ao dos concorrentes]”, respondeu Luciane.
Ela contou que a gestora da Caixa já tem crescido por meio do trabalho nas agências. De fato, conforme o balanço divulgado, o patrimônio em fundos evoluiu 22,4%, de R$ 337 bilhões em 2017 para R$ 412 bilhões em 2018. Ao mesmo tempo, as receitas com fundos avançaram 18,8%, de R$ 1,875 bilhão para R$ 2,228 bilhões.
Devolução ao Tesouro
De acordo com o balanço publicado última na sexta-feira, o lucro recorrente da Caixa Econômica Federal cresceu 40,4% no ano passado e atingiu o montante de R$ 12,7 bilhões. O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido (ROE) avançou 2,45 pontos percentuais em 12 meses para 16,1%.
“A Caixa é um banco social, temos a clareza do seu papel, e banco também tem que ganhar dinheiro”, diz Guimarães. Ele acrescentou que a Caixa tem o compromisso de pagar uma dívida de R$ 40 bilhões ao Tesouro. “O Ministro da Economia, Paulo Guedes, nos passou essa missão, temos quatro anos”, respondeu ao DCI.