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Publicado em
03/12/2020
O aumento de capital foi feito na holding Carbon, que controla o C6, e avalia o banco em R$ 11,3 bilhões. O dinheiro veio de um grupo de 40 investidores, entre pessoas físicas e family offices, todos brasileiros. Os atuais acionistas não acompanharam o aporte e foram diluídos. O Credit Suisse atuou como agente financeiro da transação.
“Conforme a gente cresce as atividades, precisa de mais capital para risco de Basileia. Ao mesmo tempo, estamos investindo na atração de clientes”, disse ontem ao Valor o cofundador e presidente do C6, Marcelo Kalim.
O índice de Basileia é uma medida de capital de instituições financeiras e uma referência da capacidade de alavancagem das operações de crédito. O C6 tinha o indicador ao redor de 15% em novembro e uma carteira de mais de R$ 4 bilhões. De acordo com o executivo, a captação vai permitir ao banco triplicar esse volume.
As demonstrações financeiras do banco indicavam R$ 257 milhões em operações com risco de crédito no fim de junho. De lá para cá, o C6 acelerou as concessões de empréstimos e cartões e obteve a aprovação do Banco Central para a compra do Ficsa, que atua em consignado. A instituição chegou à marca de 4 milhões de contas abertas para pessoas físicas e jurídicas e informou estar presente em 99,7% dos municípios brasileiros.
O aporte representa a segunda captação de recursos do C6 em poucos meses. Em julho, a holding fez uma emissão de debêntures permutáveis em ações do banco, com prazo de três anos e remuneração de CDI mais 4%. Sem maiores detalhes, Kalim afirmou que são operações diferentes que refletem momentos diferentes do banco. “Uma foi no meio da pandemia e a outra foi agora”, disse.
O aumento de capital, que ainda depende da aprovação do Banco Central, foi levantado em três meses, segundo o executivo.
Para Kalim, os recursos darão “tranquilidade suficiente” para chegar até o IPO - que, a depender das condições de mercado, pode acontecer num prazo de um ano. O executivo não descartou a possibilidade de levar uma operação já lucrativa à bolsa, mesmo com o crescimento acelerado da base de clientes. Na primeira metade deste ano, o C6 teve prejuízo de R$ 124,4 milhões.
Com a atração de novos correntistas, o banco também vem crescendo sua base de captação, que deve chegar ao fim deste ano em R$ 6 bilhões, de acordo com Kalim. A instituição chegou a oferecer CDB com taxa prefixada de 11,95% ao ano. Agora, os títulos de cinco anos estão em 9,2% ao ano.
“A captação está relacionada à oportunidade de empregar o dinheiro. Além disso, a carteira de crédito cresceu mais rápido do que a capacidade”, afirmou o banqueiro. “O mercado foi mais do que responsivo.”
Em nota, o presidente do conselho do Credit Suisse no Brasil, Ilan Goldfajn, afirmou que o C6 demonstra capacidade de atrair clientes e desenvolver negócios, mas também de “gerar receitas e montar carteiras de ativos”. José Olympio Pereira, presidente do banco suíço, disse que houve “enorme interesse” dos investidores na rodada.