FECHAR

Imprimir
Publicado em 28/03/2019

Bancos voltam a aumentar juros nos financiamentos para pessoas físicas (DCI)

Pelo terceiro mês consecutivo, a taxa média de juros para pessoas físicas com recursos livres concedidos pelas instituições financeiras avançou. Saiu de 48,9% ao ano em dezembro de 2018, passou para 51,3% em janeiro e alcançou 53,2% em fevereiro último.

Os dados foram divulgados ontem no Boletim de Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC). Na avaliação do diretor executivo de estudos e pesquisas da Associação Nacional de executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, os bancos aumentaram os juros para pessoas físicas por causa do cenário de riscos no País.

“Basicamente, o ambiente de negócios está confuso e vai caindo a expectativa de crescimento da economia, o desemprego continua alto. E embora a inadimplência tenha recuado um pouco, o risco de conceder crédito está muito elevado”, afirmou.

Miguel de Oliveira percebeu nos últimos meses, o aumento dos juros em diversas modalidades: cheque especial, parcelado do cartão e rotativo do cartão de crédito. “Só o financiamento de veículos não teve alta nas taxas”, comentou o diretor.

De fato, pelos dados do BC, a taxa do cheque especial que era de 300,4% ao ano em outubro do ano passado saltou 17,5 pontos percentuais para 317,9% ao ano em fevereiro último. Na mesma base de comparação, o juro do rotativo do cartão de crédito disparou 19,8 pontos percentuais, de 275,7% para 295,5% ao ano, e a taxa do parcelado no cartão evoluiu 6 pontos, de 164,5% para 170,5% ao ano.

Mesmo com a elevação do custo dos empréstimos, Miguel de Oliveira acredita que a tendência é de baixa ao longo do ano. “Tem muitos riscos, o governo está batendo cabeça com o Congresso sobre as reformas, mas por outro lado, a inadimplência está caindo, e o Copom sinalizou estabilidade nos juros básicos (Selic) nos próximos meses, o que contribui para uma tendência de queda dos juros [na ponta]”, concluiu o diretor executivo.

No comentário do economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, vale destacar a expansão geral do volume de crédito em 0,3% em fevereiro. “Anualizado é um ritmo de 5% ao ano, sendo que a expansão no crédito para pessoa física é de 0,4% no mês, 9% nos últimos 12 meses”, destacou. Pelos dados do BC, o saldo de crédito no sistema financeiro totalizou R$ 3,2 trilhões em fevereiro.

Tingas acrescentou, no entanto, que se sente uma acomodação da atividade econômica. “Houve um otimismo com o consumo em novembro [Black Friday e Natal], mas desde então vem caindo”, notou o economista-chefe.

Na visão do diretor da plataforma de cobrança digital Negocia Fácil, José Moniz, o cenário é positivo para a expansão do crédito. “Uma recuperação do emprego trará maior geração de renda, maior consumo e mais dinheiro para o mercado”, apontou.

Moniz também contou que há um esforço dos credores na flexibilização das renegociações de dívidas atrasadas. “Há mais condições para renegociar, houve uma aumento das negociações”, comentou.

Segundo os dados do BC, na média, a inadimplência das pessoas físicas nas modalidades com recursos livres caiu 4,9% em outubro de 2018 para 4,8% em janeiro e baixou para 4,7% em fevereiro passado.

Recuperação nas empresas

Em nota, a Boa Vista relatou que ainda que tímida, é verdade, a expansão da carteira de crédito total para as pessoas jurídicas vem sendo puxada pelo setor de serviços, quando é considerada a segmentação por atividade econômica, e pelo segmento de micro, pequenas e médias empresas (MPMe), quando se faz a análise por porte. “A demanda por crédito está bastante associada à situação financeira do setor. Ainda que a retomada da economia, de maneira geral, esteja ocorrendo a um ritmo aquém do desejado, com sinais cada vez mais evidentes de desaceleração, há forte discrepância entre os diversos segmentos de atividade. No comércio, por exemplo, a expansão das vendas, ainda que lenta, somada ao surgimento de novas soluções de crédito, tem viabilizado o aumento das operações para o segmento. Na indústria, por outro lado, onde os sinais de desaceleração são mais evidentes e ainda existe muita capacidade ociosa, a carteira de crédito registra recuo”, argumentam os economistas.

Na análise por porte, pelo segundo mês consecutivo as operações para MPMe crescem a um ritmo superior ao das grandes empresas. Em fevereiro, o saldo das operações para MPMe subiu 3,7% na comparação com fevereiro de 2018, contra alta de apenas 0,2% do saldo das grandes empresas. “A oferta de crédito para o segmento de MPMe ficou muita mais restrita durante a crise, já que a inadimplência no segmento é maior. Passado o pior da crise, o cenário para o segmento melhorou. Além disso, a maior parte dos pequenos negócios se concentram no setor de serviços”, concluíram os economistas da Boa Vista.

Também em nota, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento industrial (Iedi) observou que o crédito às empresas caminha para mais um trimestre de recuperação, a contar pelo desempenho das concessões reais nos meses de janeiro e fevereiro de 2019, segundo os dados divulgados hoje pelo Banco Central. “A menos tempo no azul, o segmento corporativo vinha funcionando como um entrave à normalização das condições de financiamento da economia”, comunicou à imprensa.

Video institucional

Cursos EAD

Fotos dos Eventos

Sobre o Sinfac-SP

O SINFAC-SP está localizado na
Rua Libero Badaró, 425 conj. 183, Centro, São Paulo, SP.
Atendemos de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas.