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Publicado em 13/09/2016

Bancos tentam controlar despesas com redução de agências e pessoal

Em greve há uma semana, os bancários se reúnem nesta terça-feira com os representantes patronais em busca de um acordo para pôr fim à paralisação da categoria. O resultado das negociações é crucial para o plano das instituições financeiras de cortar ainda mais profundamente as despesas, de modo a compensar um ano marcado por lucros em queda e alta nos calotes.

Os grandes bancos vêm tentando mostrar serviço nessa frente. Depois dos resultados do segundo trimestre, Itaú Unibanco e Bradesco reduziram as projeções para o crescimento dos gastos administrativos e com pessoal neste ano. O Banco do Brasil não mudou a estimativa, mas as despesas cresceram abaixo da meta nos primeiros seis meses do ano. O Santander é o único a não divulgar projeções ao mercado, mas também tem sido elogiado por analistas no controle de gastos.

Nos quatro bancos, as despesas administrativas cresceram 7,2% nos 12 meses encerrados em junho. O avanço foi inferior ao da inflação medida pelo IPCA, que acumulou alta de 8,84% no mesmo período. Nos primeiros seis meses deste ano, as despesas mostram tendência de desaceleração, com aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2015, para R$ 62,9 bilhões.

Para cortar gastos, as medidas adotadas pelas instituições financeiras têm ido em duas principais linhas: a redução de agências e a diminuição do quadro de pessoal. Os dois movimentos ficaram mais intensos neste ano.

Nos 12 meses encerrados em junho, os quatro grandes bancos fecharam um total de 413 agências. Para comparação, apenas 19 agências foram fechadas entre junho de 2014 e junho do ano passado. Em muitos casos, porém, as agências não chegaram a desaparecer, sendo convertidas em postos menores, mais baratos para os bancos. Além da economia com o aluguel da agência, o movimento permite aos bancos reduzir despesas com transporte de numerário e mesmo com segurança, em alguns casos.

A redução das agências está ligada ao uso crescente de canais de atendimento digital por parte dos clientes. Essa migração também ajuda os bancos na hora de cortar custos.

O Itaú tem um número que mostra a magnitude dessa economia. O índice de eficiência - que mede a relação entre as receitas operacionais e as despesas - nos canais digitais no segmento Personnalité (alta renda) é de 28%, contra 50% nos meios físicos. Neste indicador, quanto menor o percentual, maior é a eficiência. O maior banco privado do país encerrou o segundo trimestre com 12,2 milhões de clientes digitais, alta de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

Os bancos também têm enxugado o quadro de funcionários, em especial ao não repor aqueles que deixam a instituição ou se aposentam. Entre junho do ano passado e o mesmo mês deste ano, os quatro maiores bancos cortaram 12,2 mil postos de trabalho. No mesmo intervalo de 2015, foram cortados 5,4 mil.

Todas as instituições diminuíram o número de empregados. Com menos flexibilidade para demitir do que os concorrentes privados, o Banco do Brasil implementou no terceiro trimestre do ano passado um programa de aposentadoria incentivada. Isso ajudou o banco a chegar em junho deste ano com quase 3 mil funcionários a menos que em junho de 2015. Como resultado, as despesas do BB no primeiro semestre cresceram apenas 2,6%. Esse efeito, porém, não se repetirá nos últimos seis meses deste ano, o que deve levar o patamar de despesas para mais perto da projeção do banco, de uma expansão de 5% a 8% em 2016.

O Bradesco deve seguir uma trajetória oposta à do BB, com um patamar de gastos menor no segundo semestre na comparação com o primeiro. Com as despesas de marketing relacionadas aos Jogos Olímpicos do Rio, do qual é patrocinador, o banco registrou um aumento de 9,5% nos gastos no primeiro semestre em relação aos primeiros seis meses de 2015.

"O banco tem passado a trabalhar com novos fornecedores, reduzindo preços, mas mantendo qualidade", afirma Luiz Carlos Angelotti, diretor de relação com investidores do Bradesco. Segundo ele, a migração dos clientes para canais digitais também tem favorecido o banco. "A migração ocorre fortemente e ajuda em termos de eficiência, não só reduzindo as despesas mas aumentando a receita por cliente."

Para demonstrar que pretende apertar o cinto nos últimos seis meses do ano, o Bradesco anunciou a redução da estimativa de aumento das despesas em 2016 para um intervalo entre 4 e 8% - a anterior variava de 4,5% a 8,5%.

Da mesma forma que seu maior rival, o Itaú também aumentou o desafio de controle de despesas neste ano. Após o resultado do primeiro semestre, que mostrou as despesas subindo em um ritmo maior que as receitas nos 12 meses encerrados em junho, o maior banco privado brasileiro reduziu a meta de gastos para o ano como um todo para uma alta de 2% a 5% - ante uma estimativa anterior que variava entre 5% e 7,5%.

Para o executivo de um grande banco, o controle das despesas é uma variável importante para os bancos, mas ele defende que os números não sejam analisados de forma isolada. "Nem todo gasto é ruim, às vezes é preciso ter mais despesa para gerar resultado", diz. Para ele, o índice de eficiência é uma medida mais adequada para avaliar se os gastos tiveram contrapartida do lado das receitas.

Para conseguir cumprir a meta de segurar ainda mais as despesas, os bancos precisarão antes se acertar com o sindicato. A categoria reivindica, entre outros pontos, um reajuste de 14,87%, o equivalente a 5% de aumento real. A Fenaban, representante patronal das instituições financeiras, elevou a proposta na última sexta-feira e ofereceu aumento de 6,5% mais abono de R$ 3,3 mil. No ano passado, após 21 dias de greve, os bancários conseguiram 10% de aumento salarial - 0,11% de aumento real.

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